Espaço dos Colegas


A EXPERIÊNCIA DE FEIRA DE SANTANA - BAHIA NO BANIMENTO DOS PÁRA-RAIOS RADIOATIVOS

Autor

ANTONIO SERGIO ARAS DE ALMEIDA
TÉC. EM SEGURANÇA DO TRABALHO

Há 200 anos o físico Benjamim Franklin, preocupado com as perdas causadas por raios, resolve colocar seu conhecimento em teste e, em uma noite de tempestade, usa uma pipa com um cabo de cobre e dirige a descarga para terra. Estava inventado o pára-raios tipo Franklin.

Tudo corria bem, até que algum cientista irresponsável, resolve utilizar o americio - 241, para uma finalidade não comprovada cientificamente, o uso de material radioativo em pára-raios.

Proibido em 14 países, entre eles, Alemanha, Canadá, França, Suécia, Dinamarca, Noruega, Bélgica e Irlanda, migraram para o Brasil, pela debilidade da fiscalização feita pela ( C.N.E.N- Comissão Nacio- nal de Energia Nuclear), que veio reconhecer o seu erro na resolução nº 04 de 19/04/89, que declara o risco do uso de material radioativo em pára-raios, devido a falta de comprovação científica prevista na norma de "princípio da justificação" CNEN-NE 3.01 das diretrizes básicas de radioproteção, e falta de previsão do destino adequado dos pára-raios desativados, resolve :
suspender a autorização para utilização de material radioativo em dispositivos tipo pára-raios.
O material remanescente deverá ser imediatamente recolhidos a C.N.E.N.

Naquele momento existiam aproximadamente 100 mil pára-raios radioativos instalados, todos com pastilha de americio - 241, com poder cancerígeno 10 vezes maior que o césio 137.

Faltou a ação da CNEN em obrigar os fabricantes a recolherem e substituírem os pára-raios. Ficou para o ambiente o impacto e para a população o risco que representam 468 anos de meia vida do americio-241.

O SINTESB - Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Estado da Bahia, pelo seu diretor em Feira de Santana, deu entrada, na Promotoria Pública, de pedido de instauração de ação civil pública para a retirada dos pára-raios radioativos da cidade de Feira de Santana, que conforme relação, estavam em várias edificações particulares e públicas.

Além das jusificativas de ordem legal, a base cientifica não deixa dúvida de que o fato de não servir para sua finalidade, o maior risco na exposição ao americio-241 estaria no efeito acumulativo ao organismo do homem.

O trabalho durou 4 anos e, ao fim, podiamos contar 38 pára-raios desativados e recolhidos a C.N.E.N.
Foi a vitória do prevencionismo contra a irresponsabilidade do estado com a segurança da população brasileira.

Nós, técnicos de segurança do trabalho, solicitamos a sua atenção para o alerta...

F E N A T E S T - Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho.

Volta ao começo do texto

Escreva para o Antônio Sérgio Aras de Almeida

Volta à seção Espaço dos Colegas

Volta à página principal