Roberto Carlos Ruiz
Médico do Trabalho do Núcleo de Educação e Saúde do
Trabalhador de Sorocaba e região ,
mestrando em saúde
coletiva DMPS / FCM / UNICAMP
André Augusto Anderson Seixas
Acadêmico do 4 ano da Faculdade de Medicina PUC-SP
Benjamim Heck
Acadêmico do 4 ano da Faculdade de Medicina PUC-SP
Erika Luana Prior
Acadêmica do 4 ano da Faculdade de Medicina PUC-SP
Viviane Ruiz
Acadêmica do 2 ano da Faculdade de Medicina USF-Bragança Paulista
RESUMO
Este trabalho analisa os dados de um ambulatório médico especializado em saúde ocupacional , durante o ano de 1995 , que realizou o total de 1480 consultas , sendo selecionadas 118 destas que se referiam a atendimentos médicos para trabalhadores da área de educação , especificamente professores. Verificamos que a laringite é um dos principais motivos de ausência ao trabalho , seguida de patologias relacionadas a processos alérgicos em geral e alterações músculo-esqueléticas . Concluímos com uma série de reflexões , mostrando que este é apenas um trabalho de pesquisa inicial , mas nos permite realizar alguns questionamentos básicos , como :
a) existe uma política definida por parte da Secretaria de Educação com relação a saúde ocupacional dos professores ?
b) além da necessidade de se oferecer serviços especializados para reparar danos que parte dos professores já tem , como laringite , alergia , LER e outras patologias , existe a consciência por parte do empregador da necessidade de execução de programas preventivos a serem realizados especialmente para grupos de patologias definidas , como a fonoaudiologia preventiva e outros ?
c) quanto aos professores readaptados , existe um seguimento destes profissionais para se constatar se o ato de transferência de função foi eficiente no que toca ao controle de sua patologia ?
Dado aos questionamentos gerados pelo trabalho , concluímos também que há a necessidade efetiva de realização de uma série de outros estudos para melhor entendimento das questão do processo saúde-doença na categoria dos professores .
INTRODUÇÃO
Conhecer o perfil de morbidade de populações definidas , deve ser o objetivo fundamental de qualquer serviço de saúde que atue em coletividades . Morbidade , segundo Vaughan
( 1 ) , pode ser definida como qualquer desvio de um estado de bem-estar , podendo ser expressa em termos de pessoas enfermas e/ou episódios de enfermidades .
Desta forma, este trabalho visa estudar a demanda ambulatorial de um serviço que presta assistência médica à categoria dos professores do primeiro e segundo graus do ensino público oficial do estado de São Paulo , procurando levantar informações que sejam ao menos indicativas do comportamento do processo saúde/doença deste grupo de trabalhadores.
Os dados que foram usados para este trabalho, são do serviço médico de uma organização chamada Núcleo de Educação e Saúde do trabalhador de Sorocaba e Região ( NEST ) , que a partir da manutenção financeira de um convênio feito pela Associação dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo ( APEOESP ) , oferece desde outubro de 1994, um serviço médico direcionado à saúde ocupacional dos professores .
O convênio entre o NEST e a APEOESP, tem por objetivo estudar quais são os motivos pelos quais os professores vem adoecendo, e a relação entre o perfil de morbidade da categoria e o tipo de trabalho que fazem . Assim , este trabalho tenta realizar um levantamento epidemiológico , exatamente no sentido que MENDES ( 2 ) refere em sua obra “... a abordagem epidemiológica é aquela onde o trabalhador não é enfocado mais como indivíduo ( abordagem clínico e laboratorial ) , mas como grupo populacional , ou simplesmente , população . Aliás , este enfoque é próprio da Epidemiologia - o estudo da distribuição de uma doença ou de uma condição fisiológica em populações humanas , e dos fatores que influenciam esta distribuição “ . Continua ainda o mesmo autor “... enquanto o raciocínio clínico baseia-se em sinais e sintomas de doenças no organismo de um indivíduo ( objeto da Semiologia enquanto meio ) , a Epidemiologia o faz através do levantamento , análise e interpretação de coeficientes , taxas , índices e razões , instrumentos indicadores do estado de saúde do “corpo populacional “, seja ele um país , um município ou a população de trabalhadores de um estabelecimento . Na verdade , além de técnica e método , a Epidemiologia é sobretudo “um método de raciocinar sobre a doença “.
A partir do momento que nos interessamos pelo tema , passamos a realizar um levantamento bibliográfico , e nos surpreendeu a escassa quantidade de material a respeito frente a magnitude do problema .
Em um projeto realizado por PINTO E FURCK ( 3 ) , que foi desenvolvido com professores da Rede Municipal de Ensino de São Paulo , nota-se a riqueza de descrições por parte de professores atingidos por alterações de seu aparelho vocal , trazendo as autoras inclusive o registro de falas destes , como “...ultimamente eu ando tão rouca ... “ , “... não sei o que acontece com minha garganta , parece raspar quando eu falo . Chega a doer .” ou então “...agora nas férias minha voz está ótima , você não imagina como fica quando estou trabalhando “ . E assim segue o relato do projeto , que inclui a justificativa para a ocorrência destas queixas e depois propostas para a efetiva melhoria das condições físicas citadas . Entretanto , em nenhum momento , vemos registro epidemiológico de dados referente ao problema da laringite ocupacional .
Outra patologia verificada com frequência entre professores , mas que é extremamente pobre em registro , relacionando a doença a categoria profissional , são as Lesões por Esforços Repetitivos ( LER ) . Na nossa amostra , pudemos registrar casos que ora chamamos de bursite , outras vezes tendinite , e quando de dois ou mais diagnosticados associados , denominamos LER . Segundo COUTO ( 4 ) ,a realização de atividades de trabalho que necessitem da mão ser mantida acima do nível da cabeça , pode ser geradora de LER . Basta lembrar que o ato de escrever no quadro negro , pode oferecer as condições anti-ergonômicas necessárias a ocorrência de LER .
Com relação a saúde mental , SILVA ( 5 ) descreve que existem algumas situações coletivas que poderiam influenciar a saúde mental dos trabalhadores , dividindo estas em duas : a) Situações de maior incidência de episódios agudos b) Situações em que há maior prevalência de distúrbios da esfera “psi “. Analisando isto , entendemos que os professores estão sujeitos a alterações mentais do primeiro tipo citado , pois conforme continua a mesma autora “... ( as situações de maior incidência de episódios agudos ) surgem em circunstâncias nas quais as pressões especialmente fortes exacerbam o cansaço e a tensão emocional dos assalariados “. A questão da saúde mental e o exercício do magistério tem uma importância fundamental no que concerne ao bom desenvolvimento de uma política educacional seja de um país ou do município , e o que temos verificado empiricamente , é que isto tem sido relegado sempre a um plano secundário , da mesma forma que a questão da saúde ocupacional global do professor .
Quanto aos outros agravos e doenças que acometem os professores e foram encontramos em nossa pesquisa , não achamos outros dados a respeito na bibliografia levantada .
MATERIAIS E MÉTODO
Os dados utilizados neste trabalho foram colhidos a partir do levantamento da ficha de atendimento ambulatorial ( anexo ) do serviço médico do NEST.
Definiu-se o período de 01 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 1995 para o levantamento dos dados ,sendo que portanto , a pesquisa refere-se ao atendimento de um ano.
A ficha de atendimento ambulatorial trata-se de uma folha de registros, onde o médico consultante registra a cada dia de atendimento os seguintes dados:
- I - Data de atendimento;
- II - Nome do paciente atendido
- III - Primeira consulta ou Retorno
- IV - Empresa ou Local de trabalho do paciente
- V - Diagnóstico
Analisando cada uma das variáveis colocadas acima , selecionamos aquelas que achamos convenientes a finalidade deste trabalho , conforme descrição a seguir .
A variável “nome do paciente” foi omitida, pois além de ser eticamente incorreto citar o nome dos pacientes neste caso , não traria nenhum dado extra a este tipo de pesquisa .
A variável “data de atendimento” , foi analisada em relação ao mês de atendimento , lembrando que os dados se referem aos meses do ano de 1995.
A variável “primeira consulta ou retorno”, foi analisada para se verificar qual a frequência com que os professores procuram e depois se mantém ou não em acompanhamento médico neste serviço .
Quanto a variável “empresa ou local de trabalho”, foram selecionados apenas aqueles encaminhamentos de professores através da APEOESP , modo pelo qual chegamos ao número de professores que compõem nossa amostra . Isto se faz necessário porque o referido ambulatório médico atende trabalhadores oriundos das mais diversas empresas e categorias profissionais , como químicas, plásticas , papeleiras, metalúrgicas e outras .
No referido período selecionado, foram realizados um total de 1480 atendimentos, dos quais, 118 correspondem a professores.
A última variável analisada foi o “Diagnóstico”, utilizado isoladamente e também com outras variáveis . No ambulatório , há apenas um profissional médico , o que elimina a possibilidade de confusão de entendimento de diagnóstico , uma vez que sempre é feito pelo mesmo profissional . Quanto aos critérios para diagnósticos , são baseados em parâmetros clínicos, ou seja, história clinica, história ocupacional e exame físico. Quando necessário , são solicitados exames subsidiários para complementação ou confirmação diagnostica .
A tabulação dos dados referentes às variáveis citadas foi feita através de um Software chamado Epi Info ( 6 ) , que é de domínio público .
Nota do Divulgador: Epi refere-se a "Epidemiologia".
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela I, nos mostra que a procura pelo atendimento médico é periódica nos semestres , sendo que no começo do ano é pequena, depois aumenta, diminuindo no final do primeiro semestre e começo do segundo semestre, voltando a crescer no final do segundo semestre. Interessante notar que a procura é extremamente pequena no período de férias, e também no mês de outubro, que teve vários feriados somados a pontos facultativos.
Tabela I - Distribuição dos Atendimentos Médicos mês a mês. Sorocaba, 1995.
__________________________________________________________
MÊS FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
1 0 0.0
2 2 1.7
3 4 3.4
4 10 8.5
5 18 15.3
6 17 14.4
7 5 4.2
8 14 11.9
9 25 21.2
10 6 5.1
11 16 13.6
12 1 0.8
TOTAL 118 100.0
Fonte : Núcleo de Educação e Saúde do Trabalhador de Sorocaba e Região.
O comportamento desta variável pode dar margem a questões como : a procura do serviço médico e consequente afastamento do trabalho na maioria dos casos vai aumentando no decorrer do período letivo por que a jornada de trabalho é maior do que aquela que um trabalhador pode suportar? O que significaria para o professor sua “ carga de trabalho ? Segundo LAURELL (7) , “... a categoria “carga de trabalho “ pretende alcançar uma conceituação mais precisa do que temos consignado até o momento com a pré-noção de “condições ambientais “no que diz respeito ao processo de trabalho . Desta forma ,busca-se elementos deste que interatuam dinamicamente entre si e com o corpo do trabalhador , gerando aqueles processos de adaptação que se traduzem em desgaste , isto entendido como perda da capacidade potencial e/ou efetiva corporal e psíquica...”.
Analisando a tabela II , verificamos que os atendimentos médicos realizados pelo NEST junto aos professores totalizaram 118 consultas, e deste total 41 se referem a primeiras consultas e 77 são de retornos .
Tabela II - Distribuição dos Atendimentos Médicos segundo a variável
“primeira consulta ou retorno”
CONSULTA FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
Primeira consulta 41 34.7
Retorno 77 64.3
total 118 100.0
Fonte: Núcleo de Educação e Saúde dos Trabalhadores de Sorocaba e Região
A razão entre os dois itens da variável é igual a 1.8, ou seja , para cada primeira consulta há 1.8 consultas de retorno. Este resultado pode ter vários interpretações , como as que colocamos abaixo :
- a) As patologias que acometem os professores não são incapacitantes, pois se assim fosse, a razão entre as primeiras consultas e consultas de retorno seria maior .
- b) Os professores tem um diagnóstico inicial em nosso serviço, mas fazem seguimento medico em outros serviços.
Quando analisamos duas variáveis conjuntamente, como as primeiras consultas ou retornos segundo o mês de atendimento , podemos ter uma clareza maior do comportamento do perfil de morbidade dos professores que procuraram nosso serviço.
A Tabela III, mostra que nos meses que correspondem ao final de semestre, há uma nítida tendência de aumento de procura ao serviço devido as patologias consideradas ocupacionais . Além disto , verifica-se também que este incremento da procura por nosso serviço médico se dá mais as custas de primeiras consultas , embora cresça também o número de atendimentos de retorno . Isto pode reforçar a hipótese lançada em linhas anteriores, que dizemos que o final de cada semestre parece ser um período onde o desgaste do trabalhador ( o professor ) fica mais evidente.
Tabela III - Distribuição dos atendimentos médicos mês a mês, segundo a variável primeira consulta ou retorno.
Sorocaba, 1995
MÊS PRIMEIRA CONSULTA RETORNO TOTAL
1 0 0 0
2 2 0 2
3 1 3 4
4 5 5 10
5 7 11 18
6 2 15 17
7 0 5 5
8 9 5 14
9 8 17 25
10 2 4 6
11 4 12 16
12 1 0 1
Fonte : Núcleo de Educação e Saúde do Trabalhador de Sorocaba e Região.
A Tabela IV, mostra o conjunto de diagnósticos que foi atribuído aos professores que procuraram nosso serviço.
Assim, em uma rápida analise da tabela, logo se vê que a laringite é um dos problemas mais frequentes que acomete os professores, uma vez que foi o diagnostico mais encontrado ( 39.8%) nas consultas médicas realizadas. Interessante notar que a maioria dos professores que se apresentavam ao nosso serviço apresentando quadro compatível com laringite , já haviam apresentado o mesmo quadro várias vezes anteriores , e em geral , não procuraram tratamento especializado , como avaliação de médico otorrinolaringologista e seguimento com fonoaudióloga para reeducação vocal , sempre alegando que sabem que isto seria ideal , mas não tem condições financeiras de arcar com os custos deste tipo de atendimento .
Tabela IV - Distribuição dos diagnósticos atribuídos ao professores que procuraram o NEST
DIAGNOSTICO FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
alergia 1 0.8
alergia ocupacional 8 6.8
asma ocupacional 18 15.3
bursite 7 5.9
depressão 1 0.8
dermatite 1 0.8
distúrbio de comportamento 3 2.5
epicondilite 8 6.8
estresse 1 0.8
ivas * 4 3.4
laringite ocupacional 47 39.8
ler ** 8 6.8
lombalgia 4 3.4
mãe nutriz 1 0.8
res. audiom. *** 2 1.7
rinite alérgica 1 0.8
seq. a .t. **** 1 0.8
pair ***** 1 0.8
tendinite 1 0.8
Total 118 100.0%
Fonte : NEST , 1995
* ivas : infecção de vias aéreas superiores
** ler : lesões por esforços repetitivos
*** res. audiom.: resultado de audiometria
**** seq.a .t. : sequela de acidente de trabalho
***** pair : perda auditiva induzida por ruído
Causou bastante espanto ao nosso serviço, verificar que não há uma política de saúde do trabalhador definida para os professores , que são acometidos por diversas patologias que do ponto de vista da medicina do trabalho podem ser enquadradas como ocupacionais , em especial a laringite .
Maior espanto ainda, nos causa a informação da qual dispomos, de que a laringite entre professores não se trata de doença ocupacional para o empregador . Para nós , parece bastante evidente que os professores são profissionais que tem no seu aparelho fonador um dos elementos fundamentais para o exercício de seu trabalho .
Continuando a análise da Tabela IV, vemos que outro grupo de doenças que surge com frequência no grupo em estudo são aquelas de origem alérgica.
Encontramos a alergia se manifestando de diversas formas, como dermatites, asma, rinite ou alergia em geral , o que para nós , para efeito de classificação , foi considerado o caso onde a pessoa tem mais de uma manifestação alérgica, como por exemplo dermatite associada a asma ou dermatite associada a rinite. Devido ao caráter crônico da doença , entendemos que haveria necessidade de uma maior atenção com relação aos portadores de manifestação alérgica que exercem a função do magistério . Certamente que o contato com giz , bem como trabalhar em salas de aulas com poeiras que possam conter fungos e outros tipos de alergenos , podem ser fatores de piora para aqueles suscetíveis .
Outro grupo de importância , são aquelas doenças relacionadas a disfunções músculo-esqueléticas, sendo que verificamos professores que apresentaram bursite, epicondilite, e mesmo a chamada LER ( lesões por esforços repetitivos ) , que se trata de uma sigla que engloba os mais diversos diagnósticos originários de alterações fisiopatológicas envolvendo músculos, tendões e nervos. Infelizmente , este grupo de patologias pode não só ser de caráter crônico , mas também incapacitante , o que pode gerar afastamentos do trabalho prolongados , mas , ao verificarmos as Normas do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Departamento de Perícias Médicas ( 7 ) , vê-se que não há nenhuma recomendação ou preocupação com relação a este tipo de patologia .
Interessante notar a baixa frequência de doenças relativas as aletrações do psiquismo . Segundo profissionais da área , o número de atendimentos e afastamentos relativos a distúrbios da saúde mental são bem mais significativos . Certamente que , um dos motivos que não tivemos em nossa amostra um maior número deste grupo de patologias , é devido ao fato de que o nosso ambulatório não é um serviço oficial , e estes casos já devem ir diretamente a um serviço de psiquiatria , que quando da necessidade de afastamento do trabalho, já o envia direto a perícia médica .
A ultima Tabela ( Tabela V ), diz respeito ao desdobramento da variável “Diagnóstico” segundo o mês de atendimento.
O refinamento desta informação nos permite constatar que existem doenças específicas como a Laringite, que refletem claramente o comportamento do organismo humano frente a “carga de trabalho“ especificamente relacionada ao exercício do magistério nas atuais condições , levando assim a um maior desgaste, uma vez que o aumento da procura do serviço médico tende a ser menor no início dos semestres e maior nos finais de semestre .
Tabela V - Distribuição do diagnostico mês a mês. Sorocaba 1995
Diagnóstico MESES
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total
ALERGIA 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
ALERGIA OCUP. 0 2 5 0 0 0 1 0 0 0 0 8
ASMA OCUP. 0 0 0 2 4 2 3 3 2 2 0 18
BURSITE 0 0 0 1 1 0 2 2 0 1 0 7
DEPRESSÃO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
DERMATITE 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
DIST.DE COMP. 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 3
EPICONDILITE 0 0 1 3 3 0 1 0 0 0 0 8
ESTRESSE 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
IVAS 0 0 0 1 0 0 0 3 0 0 0 4
LARINGITE OC. 1 2 2 5 6 1 4 13 3 10 0 47
LER 0 0 0 3 1 2 0 0 0 1 1 8
LOMBLAGIA 0 0 0 1 1 0 1 1 0 0 0 4
MAE NUTRIZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
RES. AUDIOM 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 2
RINITE ALERG. 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
SEQ. AT. 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
PAIR 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
TENDINITE 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
TOTAL 2 4 10 18 17 5 14 25 6 16 1 118
CONCLUSÃO
Este trabalho não pretende ser nenhum documento incontestável sobre a saúde dos professores , mas ao contrário , reconhecemos uma série de limitações que estiveram presentes no decorrer do desenvolvimento do atendimento médico que resultou estes dados , e que como consequência deve ter contaminado os resultados finais .
Entretanto , acreditamos que os resultados encontrados nos levam a uma reflexão maior do tema , e aponta claramente para a necessidade da realização de um número maior de estudos , controlados de maneira estatística e epidemiologicamente satisfatórios .
Gostaríamos de deixar alguns questionamentos como ponto para reflexões que podem ser realizadas dentro do conjunto de professores organizados no local de trabalho (na escola ) , no sindicato da categoria (APEOESP ) , na entidade patronal ( Secretaria de Educação do Estado de São Paulo ) ou em serviços de pesquisa e universitários enquanto tema para elaboração de novos trabalhos :
Para o coletivo dos professores do ensino oficial, do 1o. e 2o. graus do estado de São Paulo, existe uma política pública planejada por parte da secretaria estadual de educação, no que diz respeito à saúde ocupacional destes professores ?
Ressaltamos neste estudo a alta frequência de professores com problemas no aparelho fonador. Além dos cuidados curativos para os professores já lesados, será que existem programas preventivos junto aos novos professores que adentram no mercado de trabalho, com relação a uma boa educação e ao uso racional da voz ?
Os procedimentos administrativos com relação ao afastamento destes professores por motivos ocupacionais , tem sido encaminhados com todos os direitos de que gozam, como contagem de tempo para aposentadoria e outros ?
Com relação aos ambientes de trabalho, existiria por parte da secretaria de educação a preocupação de propor condições adequadas aos professores, como por exemplo: mesas, cadeiras ergonômicas , quadros negros que não necessitam do uso de giz , avaliação de níveis de ruído no local de trabalho , níveis de iluminamento , grau de limpeza e higiene dos locais de trabalho na escola , como salas de aulas , sala de professores e banheiros ?
Quanto aos readaptados, esses são retirados de uma função que possa estar causando-lhes algum tipo de prejuízo, mas será que estes professores readaptados são acompanhados posteriormente?
Estes questionamentos levantados em nosso estudo, visam suscitar o debate sobre o tema, para melhorar as condições de trabalho dos professores em relação ao seu ambiente de trabalho e sua condição de trabalhador , o que consequentemente irá promover um melhor nível de ensino.
BIBLIOGRAFIA
1 . VAUGHAN , J.P. & MORROW R.H. Epidemiologia para os municípios :
manual para gerenciamento dos distritos sanitários .
São Paulo , HUCITEC , 1992.
2 . MENDES , R. Medicina do Trabalho e Doenças Ocupacionais .
São Paulo , SAVIER , 1980 . p.44-76 .
ANEXO
3 . PINTO , A . M. M. & FURCK , M. A . Projeto Saúde Vocal do Professor ,
IN FERRERIA , L. P. ( Org . ) .
Trabalhando a Voz . São Paulo , Summus , 1988 . p.11-27.
4 . COUTO , H. A . Guia Prático de Tenossinovites e outras Lesões por Traumas
Cumulativos nos Membros Superiores de Origem Ocupacional.
Belo Horizonte , ERGO , 1991 .
5 . SILVA , E. S. Uma história de “crise de nervos “:
saúde mental e trabalho In BUSCHINELLI ,J.T.P. ,
ROCHA , L.E. & RIGOTTO ,R. M.
Isto é trabalho de gente ? Vida , doença e trabalho no Brasil .
Petrópolis , Vozes , 1994 .p.609-633.
6 . ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE .Epi: versão 6.01
Zurique , 1994 .
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7 . LAURELL , A . C. Processo de Produção e Saúde :
Trabalho e Desgaste Operário .
São Paulo , HUCITEC , 1989 .
8 . DEPARTAMENTO DE PERÍCIAS MÉDICAS .
Normas do Serviço de Ortopedia e Traumatologia in
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE Perícia Médica : normas e orientações . São Paulo , IMESP , 1990 .
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